O estado se prepara para receber a primeira fábrica de hidrogênio verde 100% limpo. Até mesmo os caminhões utilizados serão movidos a hidrogênio inorgânico renovável, com tecnologia já consolidada nos principais mercados globais. A SL Energias é autora dessa iniciativa ainda mantida em relativo sigilo industrial por razões estratégicas. O projeto será desdobrado em fases, e nos próximos meses devem ser anunciados os detalhes do projeto que colocará o Maranhão na vanguarda da produção desse novo combustível sustentável baseado na eletrólise da água.
A iniciativa formulada pela SL Energias estava esperando apenas a regulamentação setorial para começar a ser implementada. A nova lei do hidrogênio confere segurança jurídica ao empreendimento bem como incentivos fiscais. O projeto da empresa maranhense volta-se prioritariamente para o abastecimento local na região porto-ferroviária mais importante do Norte-Nordeste. As exportações de hidrogênio estão no radar da SL, embora este não seja o objetivo imediato para os próximos dois anos.
As Olimpíadas de Paris comprovaram a eficácia e a segurança dos veículos a hidrogênio, com o mundo inteiro podendo assistir. Foram centenas de carros e ônibus oficiais da organização, utilizados num intenso regime de trabalho diário, movidos com o novo combustível verde que não deixou a desejar em nada comparado à gasolina e ao diesel. Tudo funcionou perfeitamente bem. Os projetos de hidrogênio verde proliferam-se em todos os continentes, mas sobretudo na Europa a partir de agora deve acelerar a demanda pelo que já é considerado o substituto natural dos combustíveis fósseis, particularmente do gás natural e carvão.
Em que pese o inequívoco êxito da mobilidade urbana a hidrogênio nos jogos olímpicos, no curto prazo, os veículos menores de passageiros em rotas variáveis não são a aplicação do hidrogênio verde mais esperada pela indústria. O transporte pesado de carga, com deslocamentos ponto a ponto, é onde mais o hidrogênio se destacará nos próximos anos antes de vê-lo circulando nas ruas dentro das cidades. Por enquanto, em perímetro urbano, os ônibus a hidrogênio devem ser os primeiros a circularem, como já acontece, aliás, e de forma crescente, em boa parte da Europa e em alguns países do extremo oriente. Já nas rodovias e linhas de ferro de longa distância, haverá uma verdadeira revolução com o hidrogênio verde, comparável ao que aconteceu com as minas de carvão do nordeste da Inglaterra, entre 1813-1830.
Inicialmente projetada para usar tração animal, a ferrovia entre as cidades inglesas de Stockton e Darlington, há exatos dois séculos, sofreu uma mudança brusca em 1825. Persuadida pelo construtor George Stephenson, a companhia ferroviária controladora decidiu então usar a locomotiva a vapor no empreendimento, e tudo se transformou rapidamente. Era a revolução industrial galgando patamares mais altos. A invenção das locomotivas movidas a carvão acelerou o transporte terrestre e o capitalismo global. Hoje, as locomotivas e caminhões a hidrogênio verde farão a economia mundial dar um novo salto, porém sem emitir gases de efeito estufa que provocam o aquecimento do planeta. A história que começou na Inglaterra dois séculos atrás terá um capítulo agora todo especial e muito mais limpo no Maranhão. A conferir!