Professor Marcelo Coutinho, analista sênior de hidrogênio prof.marcelo.coutinho@gmail.com
Três informações muito quentes desta semana. Primeiro, a fabricante americana de caminhões Nikola disparou na bolsa Nasdaq após o seu balanço do terceiro trimestre. Nikola registrou um aumento de 22% nas entregas de caminhões a hidrogênio no terceiro trimestre, dando continuidade, assim, à expansão das suas vendas ao longo de 2024. É crescimento em cima de crescimento. A empresa entregou no 3º trimestre um total de 88 caminhões movidos com o novo combustível verde. Ao todo já são 200 caminhões entregues desde janeiro, e mais de 100 novas encomendas já contratadas.
O crescimento das vendas dos caminhões a hidrogênio acontece num momento em que a economia industrial americana está encolhendo, o que valoriza ainda mais a conquista de mercado por parte desses novos veículos. Enquanto quase tudo vai mal na indústria americana, inclusive com a queda generalizada nas vendas de caminhões convencionais, a Nikola apresenta um desempenho realmente formidável. A empresa cresceu quase 20% no pregão do dia 02 de outubro, e numa semana muito ruim para as bolsas americanas. A concorrente Tesla – que só fabrica veículos a bateria – caiu no mesmo dia quase 4%.
Está bastante claro qual é a tendência. O mercado já começou a migrar para os caminhões a hidrogênio, tal como dissemos aqui que aconteceria. O H2V é a tecnologia do momento. Não há a menor dúvida disso. Acabaram todos os argumentos em contrário, pois contra fatos não há argumentos. E o mercado financeiro também já percebeu isso, valorizando bastante a empresa que apostou no hidrogênio verde, e desvalorizando a empresa que ainda não entendeu o que está acontecendo. Elon Musk (dono da Tesla) pode estar preocupado, mas nem tanto, pois a venda dos carros elétricos deve prevalecer entre o segmento dos veículos leves.
A segunda notícia do dia vem da gigante australiana Fortescue. Para quem achava que a empresa iria desacelerar em seus projetos de hidrogênio verde, viu que é justamente o contrário disso, e precisou se atualizar hoje rapidamente após a entrevista do magnata Andrew Forrest, que não só reafirmou a necessidade da transição energética como reforçou o projeto de descarbonização de toda a mineradora até o final desta década. Forrest foi ainda mais longe, dizendo que é hora de o mundo se afastar da “fantasia comprovada” de zero emissões líquidas até 2050 e adotar o “zero real” até 2040. Sugeriu ainda que os executivos que ainda não entenderam o sinal dos tempos, precisam ser substituídos por “alguém com um pouco de atenção porque a tecnologia está aí”. E ela se chama hidrogênio verde.
E, finalmente, a terceira informação do dia foi dada pela própria Agência Internacional de Energia (AIE). Houve um aumento expressivo nas decisões finais de investimento em projetos de hidrogênio verde no mundo, com o número dobrando no último ano. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela China, que responde por mais de 40% dessas decisões de investimento nos últimos 12 meses. E por falar na potência asiática, em breve teremos mais novidades aqui. Aguardem! O hidrogênio disparou, e agora ninguém mais segura.
Publicado em 02/10/2024