Professor Marcelo Coutinho, analista sênior de hidrogênio. prof.marcelo.coutinho@gmail.com
A evolução do mercado de hidrogênio verde na Alemanha não está avançando tanto quanto era planejado, mas os últimos dados que vêm de lá no levantamento H2-Bilanz, com base no Instituto de Economia Energética da Universidade de Colônia (EWI), são realmente muito animadores, e reforçam ainda mais os relatórios de consultorias e agências internacionais já publicados. Em resumo, está indo mais devagar, mas está indo muito bem mesmo.
O novo “H2-Bilanz” (balanço H2) da E.ON mostra a alavancagem dos subsídios no aumento do hidrogênio verde, com mais projetos com decisões finais de investimento graças às notificações de financiamento bem-sucedidas. O percentual de projetos em construção ou com decisão final de investimento aumentou de 3% para 9% da capacidade de produção prevista até 2030. Esse número aumentou de 10,1 gigawatts em fevereiro de 2024 para 11,3 gigawatts.
A capacidade atual alemã de eletrólise também aumentou 68% para 111 megawatts de energia elétrica, a partir de três grandes comissionamentos. Essa evolução indica fortemente que os projetos tenderão a se tornar maiores de agora em diante, pois até então havia apenas eletrolisadores com potência de até 20 megawatts em operação, mas agora os projetos que avançaram são maiores e já têm ou decisão final de investimento ou mesmo estão em construção. Portanto, pode ser esperado um salto na capacidade de eletrólise na Alemanha em 2025. Ainda que atrás da China, a Alemanha vem forte e de forma consistente nessa nova corrida industrial do mundo.
As estimativas para capacidade de importação de H2V também melhoraram, alcançando 60 gigawatts até 2032, tendo em conta os gasodutos planejados e existentes. Com uma taxa de utilização de 50%, até 2.700 terawatts-hora de hidrogênio por ano poderiam ser importados e distribuídos para o mercado interno. Além disso, até 100 terawatts-hora poderiam ser transportados por navio com o reaproveitamento dos terminais de GNL. Com estes números de importação, a meta do governo alemão será alcançada, com uma quota de importação de 50% a 70% dos 95 a 130 terawatts-hora de hidrogênio verde e derivados de H2V necessários até 2030.
Por sua vez, em termos de infraestrutura de hidrogênio, houve um aumento significativo para 9.040 quilômetros de redes de dutos até 2032. Além dessa rede principal, há também gasodutos planejados com uma extensão de 42 quilômetros, com uma extensão de 428 quilômetros. E finalmente, no campo de transportes pesados de mercadorias, houve um aumento significativo de caminhões e tratores movidos a hidrogênio verde.
Ou seja, está acontecendo, e está acontecendo como nós adiantamos aqui que aconteceria. Um crescimento mais lento, porém, consistente da nova indústria, com ampliação da infraestrutura na Alemanha, e na Europa de uma maneira geral, o que garante a importação do hidrogênio verde brasileiro, especialmente para abastecer a indústria europeia e os veículos de carga, além de alguns nichos mais específicos de carros de luxo.
Publicação 29 de novembro de 2024.